Hambúrguer de grão-de-bico

Na Cozinha

Estes são os hambúrgueres de leguminosas mais fáceis que já fiz. São super fáceis de moldar mas quando prontas rompem com facilidade por isso há que ter cuidado quando se está a manusear. Podem ser assadas numa frigideira antiaderente ou no forno. Pessoalmente, prefiro no forno já que as cenouras são introduzidas cruas.

Confesso que, devido a doença de Crohn, raramente como grão-de-bico cozido e no início não comia de todo para evitar o desconforto abdominal. Já cheguei ao cúmulo de tirar a pele para o consumir.

Atualmente, faço-o de forma segura e sem me causar desconforto. A primeira regra é a que sigo com todas as leguminosas: hidratar entre 48 a 36 horas. O grão-de-bico triturado não me faz mal portanto faço hambúrgueres, falafel, húmus e inclusive sopa de farinha de grão-de-bico e tolero muito bem.

Com isso, consigo trazer maior diversidade para a minha dieta e uma leguminosa com um bom aporte proteico, cálcio, magnésio e fósforo. E, acima, de tudo mantenho esse grão saboroso na minha dieta.

Ingredientes
500g de gão-de-bico cozido e escorrido
100g de cenoura
Uma mão cheia de alho francês (cerca de 40g)
Uma mão cheia de coentros e salsa (cerca de 15g)
1 colher de chá de sal
1 colher de sopa de sementes de sésamo
1 pitada de pimenta
1 pitada de cominhos
1 fio de azeite

Preparação
Colocar a cenoura crua, o alho francês, o coentro e a salsa no processador e triturar até a cenoura ficar em pedaços pequeninos.

Juntar o resto dos ingredientes e triturar até obter uma massa homogénea.

Moldar os hambúrgueres. Se a massa ficar mole pode-se juntar um pouco de farinha de grão-de-bico.
Assar numa frigideira com um fio de azeite ou no forno. Para o forno convém colocar um fio de azeite nos dois lados para dourar.

Tempo de preparação: 15 min
Dificuldade: Fácil
Porções: cerca de 8 unidades

A medicação, a retoma, os velhos e novos processos

Desafios

Acordei cedo, saí de casa ainda com o friozinho cortante da madrugada, apanhei a linha 735 da carris e desci da graça rumo ao hospital Egas Moniz. Tive a sorte de conseguir apanhar o elétrico até ao hospital e parecia quase que uma viagem turística que poderia terminar em Belém, acompanhado de um pastel de nata com canela e café.


Cheguei a porta do hospital, fiz exatamente o mesmo caminho até a farmácia. Tirando as obras que decorriam na ala de infeciologia e a triagem obrigatória devido à covid19 poder-se-ia dizer que fazia uma viagem ao passado.


A farmácia continua exatamente no mesmo sítio e, quase que posso dizer que com as mesmas pessoas. Levantei a medicação, agora de nome e embalagem diferentes. Estranhei, mas depois de quase cinco anos sem medicação as diferenças são normais.


Segui para o hospital de dia e fui encontrar-me com a enfermeira que tem, no nome, uma analogia com nome do bairro onde estava hospedada. Sorri ao dar-me conta desta coincidência e fiquei muito feliz ao ver que era a mesma enfermeira que me tinha guiado, há mais de 10 anos, na minha primeira viagem com a medicação, numa altura que andava tão perdida e não me recordava do nome, mas a pessoa, a simpatia e doçura vieram logo a memória e com isso uma sensação de paz.


Enquanto esperava, o candeeiro de sal dos himalaias que está na receção do hospital de dia desde a primeira vez que aí estive, refletia a paz que sentia. Não sei de quem foi a ideia, mas este toque energético é um bálsamo a alma de que vem, muitas vezes desamparado e aturdido, com tanta novidade, as vezes muita dor e outras com muitos receios. Chega-se aí e saí alguém por detrás desta luz laranja e diz-nos: Bom dia, em que posso ajudar. E, neste preciso momento, com todo esse cenário, já ajudou a alma, os anseios e os medos a acalmar. Foi uma agradável surpresa, 10 anos depois voltar a encontrar o mesmo cenário.


Quanto à medicação a enfermeira explicou-me que não ia fazer a mesma injeção que fazia antes mas sim outra com o mesmo principio ativo, o adalimumab e que isso acontecia porque esta medicação nova é um genérico e tem um custo mais barato. Dito isto, seguimos para as apresentações porque esta amiguinha precisa de ser apresentada para percebermos como é que funciona. E esta disco party para começar tem que valer a pena e são logo quatro shots (injeções) de uma só vez, uma para a enfermeira e três para mim porque queria aprender a fazer de uma vez para não ter que voltar ao hospital.


Auchhhhhh… bem esta amiguinha aqui não é nada boazinha, tem uma agulha maior e mais líquido, além da caneta ser um pouco mais complexa que a outra. De auchhhh em auchhhh lá conduzi a medicação até ao fim, firme e forte mas confesso que com dores e no fim ainda fiquei com uma valente dor abdominal que durou até ao outro dia. Estava a estranhar tanta dor, até porque sou uma repetente na matéria. A enfermeira explicou-me que esta nova caneta, a Idácio, contrariamente ao Humira (que fazia anteriormente) está a dar este efeito da dor que reportei e acabei sendo contactada para um inquérito relativo ao mesmo. Passado já um pouco mais de um mês os efeitos permanecem mas mais suaves. Entretanto, já estou apenas com uma caneta de quinze em quinze dias, logo a festa é menor.


De volta aos velhos processos de pedir a medicação em lisboa, arranjar um portador em mãos, já que a mesma não pode viajar sem refrigeração e em bagagem de porão, que mo traga até Cabo Verde. Vantagem covid é que o levantamento na farmácia pode ser de dois em dois meses e não um como era anteriormente e o processo de dispensa de medicação para quem está em viagem é mais célere.


E, assim, volto a introduzir a medicação na minha rotina de vida. Um pouco mais dolorosa mas continua sem pesar nem a alma, nem a vida.

Muffin de banana e trigo sarraceno (Sem glúten e sem açúcar)

Na Cozinha

Na receita de pão sem glúten falo dos benefícios do trigo sarraceno – ver aqui. Esta receita fica ótima com esta farinha.

Ingredientes:
300 g de banana (cerca de 4 bananas)
100g de maçã (1 maçã média)
100 ml de óleo de coco ou outro a sua escolha
150 g de farinha de trigo sarraceno
1 ovo
60 ml de leite vegetal
1 colher de chá de sumo de limão
Uva passa ou pepitas de chocolate a gosto
1 pitada de sal
Umas gotinhas de baunilha – opcional
2 colheres de chá de fermento sem glúten (mais ou menos 10g)

Preparação
Colocar num liquidificador ou processador a fruta e o ovo e triturar alguns segundos.
Juntar o óleo, a farinha, o leite, o sumo de limão, a farinha, a baunilha e o fermento e triturar mais alguns segundos.
Juntar o uva passa e ou pepitas de chocolate a mão e distribuir por 12 forminhas de muffins com papel ou untadas.
Assar num forno pré-aquecido a 180º durante 20 a 25 min e deixar esfriar na forma durante 10 minutos antes de desenformar.

Tempo de preparação: 35 min
Dificuldade: Fácil
Porções: 12 muffins

Vamos falar de sintomas?

Desafios

Criei este blogue com a intenção de manter as questões técnicas da Doença de Crohn o mais distante possível porque não sou médica e acredito que cada área deve estar assegurada a quem compete. “Então porque é que vamos falar de sintomas?” Pergunta pertinente que respondo a seguir.

Se já leram a história retratada no blogue já sabem que os meus primeiros sintomas foram violentos. Muito resumidamente tive um pouco de tudo: diarreia normal e com sangue, febre, perda de peso, anemia, fraqueza generalizada, cólicas e facilidade em apanhar viroses devido à baixa imunidade. Entretanto, apareceu a medicação que no meu caso resultou à primeira (já ouvi relatos de pessoas que não conseguiram), portanto, a minha estrelinha da sorte funcionou neste caso e em três meses estava quase como nova. O resto da minha vida já sabem, entre um e outro sintoma, mas nada muito profundo que tenha gerado internamento e outras consequências da DC que espero não vir a ter.

Há quase 5 anos, engravidei e choveu uma tempestade de dúvidas que depois foram dissolvendo e tive uma gravidez maravilhosa (irei escrever um post sobre a DC e a gravidez para falar mais sobre este tópico). Parei a medicação que fazia (um imunossupressor) no sexto mês de gravidez e nunca mais voltei. SIM!!! Nunca mais até a data de hoje e já estou há mais de quatro anos sem medicação nenhuma. O fim da gravidez correu bem sem medicação e o período de amamentação foi ainda melhor. Amamentei o meu filho até os 18 meses o que fez prolongar este efeito de boas graças entre a maternidade e a minha condição de DC.

Findo este período, fui fazer os exames e mais uma vez a coisa estava calma, havia alguma ulceração mas nada de grave e não havia razão para voltar a medicação. Estava muito feliz porque não teria que voltar a medicação mas tinha uma ressalva de voltar em seis meses para fazer uma cápsula endoscópica (basicamente, engolir uma câmara fotográfica que transforma o nosso aparelho digestivo um autêntico big brother tecnológico e é possível ver tudo porque nada lhe escapa).

Entretanto, veio a pandemia e o mundo parou. Como sou seguida em Portugal, infelizmente, em Cabo Verde não existem todos os recursos a que tenho acesso fora do país, portanto, a minha vida de doente, também, parou. O bom desta situação é que não tinha sintomas (uma diarreia aqui ou acolá mas nada de relevante ou uma pequena crise quando a boca não se autocontrola) e como os últimos exames tinham sido bons não estava muito preocupada.

Neste verão, já com a pandemia mais sob controlo voltei a Portugal para fazer os exames de rotina. Como tinha organizado tudo a partir de Cabo Verde consegui fazer tudo em três semanas (consultas, exames de sangue, fezes, urina, ressonância magnética e cápsula endoscópica), mas as respostas não consegui porque a pandemia atrasa tudo. Acordei com a médica fazer o acompanhamento por teleconsulta para poder regressar na data prevista e assim foi.

Semanas depois foi a teleconsulta e eis o resultado: Doença de Crohn em fase moderada e que terei que voltar à medicação. A minha pergunta foi: mas como, se eu não tenho sintomas da doença?

Ao que parece o Sr. Crohn é muito brincalhão e dá asas a sua criação sem nos avisar. Eu já tinha ouvido da manifestação da doença através da pele, mas assintomática confesso que não. Tirando alguma insónia (quem sofre dos intestinos sabe que o mau funcionamento do mesmo dá lugar a noites muito mal dormidas) não tenho sintomas de forma continuada. Até ganhei peso em vez de perder e nem anemia tive.

Isto veio realmente reforçar que quando temos alguma questão de saúde não devemos negligenciar os exames de rotina por melhor que estejamos. Porque o nosso corpo pode ficar em modo bomba-relógio que em algum momento explode e pode não ser uma granada mas sim uma grande bomba atómica ao qual é mais difícil recuperar dos estragos. Da única coisa que, realmente, tenho algum receio nesta vida de DC é da colectomia, ou seja, a retirada de parte do intestino em que muitas vezes a pessoa passa a usar um saco externo, por isso, gosto de manter as rotinas dos exames e ser, até onde posso, mais preventiva que reativa.

Tenho que confessar que odeio tomar medicamentos e muito facilmente esqueço-me ou salto as rotinas. Sou mesmo péssima e agora o protocolo para voltar a medicação é bem mais complexa do que fiz na primeira vez. Primeira coisa é que vivo no país que tem manifestação da tuberculose e para voltar ao imunossupressor tenho que fazer terapia para a tuberculose latente. Vem daí um comprimindo por dia, com vitamina B6 associada, mais outras cápsulas para ir mantendo o intestino estável até começar a medicação indicada pelo médico que só posso fazer depois de um mês da terapia da tuberculose concluída, mas que terei que dar seguimento por seis à nove meses. Prefiro nem pensar para a minha cabeça não dar um nó mas é necessário cumprir direitinho para evitar complicações maiores.

Também é importante colocar as vacinas em dia por causa da doença, porque a fazer medicação com imunossupressor não posso fazer vacinas que tem o vírus ativo, portanto; covid (ok); hepatite B (já foram 2 doses, falta uma); pneumo-qualquer coisa (ok desde 2019); pneumo-qualquer coisa 2 (não encontro em CV fica para quando for a PT); febre-amarela para poder deslocar para países africanos (ok); gripe (vou fazer ainda esta semana) … e ainda há gente a reclamar para fazer a vacina da Covid 19. Ofereço o meu braço se o problema for a picada.

Em dez anos de DC, como vêm, já passei por cenários interessantes, desde sintomas profundos a quase inexistência de sintomas o que vem reforçar que as doenças autoimunes são muito instáveis em relação à sua manifestação e, se tivermos histórico com uma doença autoimune o melhor é seguir um controle apertado para a mesma não fugir do controle dos médicos e a nossa vida não fugir ao nosso controlo. Respeito muito o meu corpo, a duras custas, mas já aprendi a respeitar a medicina e o trabalho médico que realmente salva vidas ou as melhora consideravelmente.

Foto| Infográfico vetor criado por brgfx – br.freepik.com

Panquecas de banana e aveia

Na Cozinha

Sempre fiz panquecas mas desde que o meu filho nasceu tornaram-se uma tradição cá em casa e não há sábado em que não se comece o dia com panquecas e como e estas são as preferidas dele e os devora tal como saem da frigideira, sem nenhum tipo de adoçante.

Ingredientes
2 a 3 bananas
2 ovos
1 iogurte natural
1 chávena de aveia em flocos triturados (ou podem usar farinha de aveia)
Canela a gosto
1 colher de sopa de óleo de coco (opcional)
1 colher de chá de fermento


Preparação
Amassa as bananas com um garfo. Bater os ovos com garfo e juntar as bananas e a canela. Triture os flocos de aveia e juntar ao preparado e misturar. Colocar o iogurte e misturar. Por fim acrescente o fermento e o óleo de coco. Misturar tudo e caso seja necessário acrescente um bocadinho de água na massa porque a aveia tem tendência a absorver muito líquido.
Aqueça em lume médio/baixo uma frigideira antiaderente e passe um guardanapo embebido em óleo de coco ou qualquer outro óleo. Coloque uma colher de sopa da massa na frigideira e vai fazendo mini-panquecas ou “panquequinhas” como diz o meu sobrinho. Deixe assar por cerca de um a dois minutos e volte de lado. Deixe mais um a dois minutos e já está.
Sirva com rodelas de fruta e um fio de mel, maple sirup ou nutela caseira.

Tempo de preparação: 1h
Dificuldade: Fácil
Porções: cerca de 15 panquecas

Bolo de banana e aveia

Na Cozinha

Provei este bolo pela primeira vez feita pela minha colega Aline Oliveira que é uma cozinheira de mão cheia e fiquei apaixonada. Pedi a receita e já a “ajustei” várias vezes conforme o gosto e o que tenho a mão e sai sempre bem. Esta é uma receita vencedora, já fiz sem fermento e deu certo, já fiz apenas com bicarbonato de sódio e deu certo. É uma receita rápida e prática para um pequeno-almoço ou lanche. Se bater as claras em castelo terá um bolo mais fofinho mas por norma opto por bater apenas com um garfo. Este bolo é ótimo, porque além dos benefícios da aveia não leva nenhum tipo de açúcar refinado, apenas fruta. Meu filho adora, só não gosta das passas por isso coloco poucas para as poder “catar”nas fatias dele.


Para mim a aveia resulta muito bem quer a nível dos intestinos como a nível da saciedade. Nunca tive problemas com o consumo de aveia mas como qualquer pessoa com Doença de Chron sabe, cada um tem que testar por si mas por norma a aveia é um ótimo regulador intestinal.


Ingredientes:
4 bananas
2 ovos
1 chávena de aveia em flocos ou farinha (para os intolerantes ao glúten por favor escolher farinha de aveia sem contaminação de glúten)
Canela q.b.
1 colher de chá de fermento sem glúten ou bicarbonato de sódio com umas gotinhas de limão
Uva passa a gosto
Raspa de limão (opcional)
1 colher de sopa de óleo de coco (opcional)
Pode-se acrescentar: 2 colheres de sopa de farinha de amêndoa, nozes em pedaços, maçã cortada em cubinhos pequeninos… o importante é criar com o que nós gostamos.


Preparação:
Amassar as bananas com um garfo, colocar os ovos (se quiserem podem bater as claras em castelo e juntar no fim mas não é essencial), juntar a aveia (pode ser em flocos mas prefiro sempre triturar e fazer uma farinha grosseira) e ir colocando todos os outros ingredientes e misturar bem. Se for necessário adicione um pouco mais de aveia.
De seguida untar uma forma com óleo de coco e farinha de aveia e coloco no fundo algumas rodelas de banana e encima mais umas rodelas. Levar ao forno pré-aquecido a 180º por cerca de 20 min. E, voilá, já está um bolo cheirosinho e super fácil.

Nota: Dá para acrescentar maçã ou nozes na massa antes de ir ao forno.


Tempo de preparação: 15 min

Dificuldade: Fácil

Porções: 4 pessoas