Porque falo da doença de Crohn? (1)

Desafios

Começar esta apresentação é extremamente difícil, sendo jornalista de formação, gosto de escrever sobre os outros e não sobre mim. Este é o meu primeiro desafio com este blog, apresentar a doença de Crohn através da minha história.

Conheci a expressão doença de Crohn há 10 anos, quando através de pesquisas feitas na internet reparei que os sintomas que tinha estavam todos descritos numa estranha expressão que lia pela primeira vez…doença de Crohn. Obviamente, a minha primeira reação foi negar, não é possível! Isto é só um desequilíbrio emocional e daqui a pouco passa.

O meu desequilíbrio emocional começou quando recebi a notícia de um mau diagnóstico, que indicava que meu pai sofria com um cancro intestinal em fase terminal. Além do diagnóstico ele andava com uma aparência muito má. Foi muito difícil vê-lo assim e a minha teimosia não queria aceitar este desígnio. Tratei de tudo e, mesmo contra indicações médicas, coloquei-lhe num avião para Portugal para uma segunda opinião médica. Dias depois o meu pai tinha um diagnóstico completamente diferente que apontava para colite ulcerosa (mais um desconhecido que me foi apresentado) e meses depois já tinha recuperado a aparência e, principalmente, a vida.

Do meu lado o estrago estava feito, o efeito do meu desequilíbrio emocional não passava e desloquei-me a para a ilha de São Vicente para consultas e exames (já que na cidade da Praia não havia na altura a especialidade de gastroenterologia). Mais uma vez um diagnóstico enviesado que apontava para o mesmo diagnóstico do meu pai. Fui medicada, sem melhorias.

Contactei uma amiga em Portugal que também é gastroenterologista para lhe explicar a minha situação e ela calmamente pediu-me para não entrar em stress e que começasse pelo mais básico, uma desparasitação para ver se não havia nenhum parasita a castigar o meu intestino e que fosse ter com ela quando fosse para Portugal.

Confesso que segui a minha vida normal, na altura corria 7 km quase todos os dias o que mantive o mesmo ritmo porque, na não-aceitação do problema, acreditava que o corpo tinha que trabalhar para se recuperar sozinho. E, nesta falta de conhecimento real sobre o que se passava, marquei as minhas férias e fui passear pela europa antes de ir ao médico. A fase de negação é uma fase bastante real e não importa a capacidade intelectual de cada um, ninguém quer ter uma doença associada a sua vida.

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