Já em Lisboa fui ter com a minha amiga que me obrigou a passar 3 dias em repouso absoluto só a comer e a fazer exames. A primeira diferença que percebi em relação a Cabo Verde é que antes do diagnóstico não foi-me dado nenhuma medicação. Apenas indicação para me manter nutrida e hidratada e recuperar forças. Veio a “santa” colonoscopia, nesta altura sentia-me tão mal que nem foi difícil fazer a preparação, fiz tudo como indicavam as instruções e lá fui fazer. Resultado, possibilidade de doença de Crohn em fase ativa e ulcerações. Pela segunda vez tive que ler o nome deste intruso que teimava em fazer parte da minha vida!
Tive que fazer uma cápsula endoscópica para confirmar a doença de Crohn e avaliar a extensão dos danos que vieram a confirmar serem bastantes. Na altura a médica me informou que iam avançar com uma terapia agressiva comigo porque tinha havido um caso semelhante ao meu há pouco tempo e fizeram uma abordagem mais moderada o que não impediu que a pessoa tivesse que passar por uma cirurgia e retirar parte do intestino inflamado. Conferenciados os médicos foi-me apresentado os corticoides e o humira e doses de ferro por via endovenoso porque já não tinha reservas. Tudo isto porque tinha que começar imediatamente para controlar os danos.
Confesso que ouvir tudo isto foi como receber um murro no estômago. Minha capacidade de absorver palavras novas estava bastante limitada, lembro de ter a sensação de estar perante uma parede branca no qual não sabia que cor pintar. Um vazio enorme apoderou-se de mim, sendo eu uma controladora nata da minha vida, independente, que só queria viajar e experimentar coisas novas, com o peito aberto a todas as novidades mesmo as mais surreais. Para mim não existiam impossíveis, mas até a data só tinha pensado no positivo e em todas as possibilidades maravilhosas que a vida nos apresenta. Entre altos e baixos que todos temos na vida eu, nos meus 30 aninhos, sentia-me imensamente feliz.
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