Pelo meu bem-estar e pela terapia que faço o ideal seria continuar em Portugal mas a minha vida estava em Cabo Verde para onde tinha regressado havia apenas 2 anos e decidi arriscar mantendo todos os meus tratamentos e seguimento médico em Portugal.
Este sim, foi um grande desafio, sendo que a medicação que faço não existia no país, bem como uma boa parte das terapias e modos de controlo da doença. Um outro problema que existe é o facto de fazer uma terapia que funciona baixando o meu sistema imunitário (a doença de Chron é uma doença autoimune) assim, existem terapias que consistem de certa forma em “enganar” o nosso sistema imunitário e desviá-lo do ataque aos nossos intestinos. Isto cria outros problemas como a maior probabilidade de desenvolver cancro e, principalmente, sujeita quem faz a terapia a estar mais vulnerável a infeções.
Quem vive em Cabo Verde sabe que, o paraíso tropical também nos sujeita ao contacto com infeções, doenças tropicais e algumas viroses sem nome. Sem contar com toda a carga viral que podemos receber de picadas de mosquitos ou os problemas intestinais derivados de alimentação fora de casa, menos cuidada. Na altura ainda tinha outro problema, a Electra! O país atravessava graves problemas com a estabilidade da produção de energia o que nos obrigava a mais de 24h sem luz. Como conservar a minha medicação que tem que estar estabilizada numa temperatura de 2 a 8 graus?
Outro desafio, não menos pertinente, era como fazer chegar a medicação à Cabo Verde. Ao dia de hoje tenho vivido de apoios de amigos e familiares que se deslocam ao hospital, fazem o levantamento da medicação e depois fazem-no chegar até mim. Já perdi noção do número de favores que já tive que pedir e do número de pessoas que já me ajudaram, mas a todos eles sempre o meu mais profundo agradecimento.
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